quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

DILEMA

E se não é pela arte , por que a alma pesando o corpo?
                     (Aureo Gandur - Os Varandistas)

Traduzir-se - Fagner e Chico Buarque de Holanda

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

NAVIO NEGREIRO (CASTRO ALVES)


  I
'Stamos em pleno mar... Doudo no espaço
Brinca o luar — dourada borboleta;
E as vagas após ele correm... cansam
Como turba de infantes inquieta. 
'Stamos em pleno mar... Do firmamento
Os astros saltam como espumas de ouro...
O mar em troca acende as ardentias,
— Constelações do líquido tesouro... 
'Stamos em pleno mar... Dois infinitos
Ali se estreitam num abraço insano,
Azuis, dourados, plácidos, sublimes...
Qual dos dous é o céu? qual o oceano?... 
'Stamos em pleno mar. . . Abrindo as velas
Ao quente arfar das virações marinhas,
Veleiro brigue corre à flor dos mares,
Como roçam na vaga as andorinhas... 
Donde vem? onde vai?  Das naus errantes
Quem sabe o rumo se é tão grande o espaço?
Neste saara os corcéis o pó levantam, 
Galopam, voam, mas não deixam traço. 
Bem feliz quem ali pode nest'hora
Sentir deste painel a majestade!
Embaixo — o mar em cima — o firmamento...
E no mar e no céu — a imensidade! 
Oh! que doce harmonia traz-me a brisa!
Que música suave ao longe soa!
Meu Deus! como é sublime um canto ardente
Pelas vagas sem fim boiando à toa! 
Homens do mar! ó rudes marinheiros,
Tostados pelo sol dos quatro mundos!
Crianças que a procela acalentara
No berço destes pélagos profundos! 
Esperai! esperai! deixai que eu beba
Esta selvagem, livre poesia
Orquestra — é o mar, que ruge pela proa,
E o vento, que nas cordas assobia...
.......................................................... 
Por que foges assim, barco ligeiro?
Por que foges do pávido poeta?
Oh! quem me dera acompanhar-te a esteira
Que semelha no mar — doudo cometa! 
Albatroz!  Albatroz! águia do oceano,
Tu que dormes das nuvens entre as gazas,
Sacode as penas, Leviathan do espaço,
Albatroz!  Albatroz! dá-me estas asas.
 
II
    
Que importa do nauta o berço,
Donde é filho, qual seu lar?
Ama a cadência do verso
Que lhe ensina o velho mar!
Cantai! que a morte é divina!
Resvala o brigue à bolina
Como golfinho veloz.
Presa ao mastro da mezena
Saudosa bandeira acena
As vagas que deixa após. 
Do Espanhol as cantilenas
Requebradas de langor,
Lembram as moças morenas,
As andaluzas em flor!
Da Itália o filho indolente
Canta Veneza dormente,
— Terra de amor e traição,
Ou do golfo no regaço
Relembra os versos de Tasso,
Junto às lavas do vulcão! 
O Inglês — marinheiro frio,
Que ao nascer no mar se achou,
(Porque a Inglaterra é um navio,
Que Deus na Mancha ancorou),
Rijo entoa pátrias glórias,
Lembrando, orgulhoso, histórias
De Nelson e de Aboukir.. .
O Francês — predestinado —
Canta os louros do passado
E os loureiros do porvir! 
Os marinheiros Helenos,
Que a vaga jônia criou,
Belos piratas morenos
Do mar que Ulisses cortou,
Homens que Fídias talhara,
Vão cantando em noite clara
Versos que Homero gemeu ...
Nautas de todas as plagas,
Vós sabeis achar nas vagas
As melodias do céu! ...
 
III
    
Desce do espaço imenso, ó águia do oceano!
Desce mais ... inda mais... não pode olhar humano
Como o teu mergulhar no brigue voador!
Mas que vejo eu aí... Que quadro d'amarguras!
É canto funeral! ... Que tétricas figuras! ...
Que cena infame e vil... Meu Deus! Meu Deus! Que horror!
 
IV
     
Era um sonho dantesco... o tombadilho 
Que das luzernas avermelha o brilho.
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar de açoite... 
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar... 
Negras mulheres, suspendendo às tetas 
Magras crianças, cujas bocas pretas 
Rega o sangue das mães: 
Outras moças, mas nuas e espantadas, 
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs! 
E ri-se a orquestra irônica, estridente...
E da ronda fantástica a serpente 
Faz doudas espirais ...
Se o velho arqueja, se no chão resvala, 
Ouvem-se gritos... o chicote estala.
E voam mais e mais... 
Presa nos elos de uma só cadeia, 
A multidão faminta cambaleia,
E chora e dança ali!
Um de raiva delira, outro enlouquece, 
Outro, que martírios embrutece,
Cantando, geme e ri! 
No entanto o capitão manda a manobra,
E após fitando o céu que se desdobra,
Tão puro sobre o mar,
Diz do fumo entre os densos nevoeiros:
"Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
Fazei-os mais dançar!..." 
E ri-se a orquestra irônica, estridente. . .
E da ronda fantástica a serpente
          Faz doudas espirais...
Qual um sonho dantesco as sombras voam!...
Gritos, ais, maldições, preces ressoam!
          E ri-se Satanás!... 
 
V
    
Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se é loucura... se é verdade
Tanto horror perante os céus?!
Ó mar, por que não apagas
Co'a esponja de tuas vagas
De teu manto este borrão?...
Astros! noites! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão! 
Quem são estes desgraçados
Que não encontram em vós
Mais que o rir calmo da turba
Que excita a fúria do algoz?
Quem são?   Se a estrela se cala,
Se a vaga à pressa resvala
Como um cúmplice fugaz,
Perante a noite confusa...
Dize-o tu, severa Musa,
Musa libérrima, audaz!... 
São os filhos do deserto,
Onde a terra esposa a luz.
Onde vive em campo aberto
A tribo dos homens nus...
São os guerreiros ousados
Que com os tigres mosqueados
Combatem na solidão.
Ontem simples, fortes, bravos.
Hoje míseros escravos,
Sem luz, sem ar, sem razão. . . 
São mulheres desgraçadas,
Como Agar o foi também.
Que sedentas, alquebradas,
De longe... bem longe vêm...
Trazendo com tíbios passos,
Filhos e algemas nos braços,
N'alma — lágrimas e fel...
Como Agar sofrendo tanto,
Que nem o leite de pranto
Têm que dar para Ismael. 
Lá nas areias infindas,
Das palmeiras no país,
Nasceram crianças lindas,
Viveram moças gentis...
Passa um dia a caravana,
Quando a virgem na cabana
Cisma da noite nos véus ...
... Adeus, ó choça do monte,
... Adeus, palmeiras da fonte!...
... Adeus, amores... adeus!... 
Depois, o areal extenso...
Depois, o oceano de pó.
Depois no horizonte imenso
Desertos... desertos só...
E a fome, o cansaço, a sede...
Ai! quanto infeliz que cede,
E cai p'ra não mais s'erguer!...
Vaga um lugar na cadeia,
Mas o chacal sobre a areia
Acha um corpo que roer. 
Ontem a Serra Leoa,
A guerra, a caça ao leão,
O sono dormido à toa
Sob as tendas d'amplidão!
Hoje... o porão negro, fundo,
Infecto, apertado, imundo,
Tendo a peste por jaguar...
E o sono sempre cortado
Pelo arranco de um finado,
E o baque de um corpo ao mar... 
Ontem plena liberdade,
A vontade por poder...
Hoje... cúm'lo de maldade,
Nem são livres p'ra morrer. .
Prende-os a mesma corrente
— Férrea, lúgubre serpente —
Nas roscas da escravidão.
E assim zombando da morte,
Dança a lúgubre coorte
Ao som do açoute... Irrisão!... 
Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus,
Se eu deliro... ou se é verdade
Tanto horror perante os céus?!...
Ó mar, por que não apagas
Co'a esponja de tuas vagas
Do teu manto este borrão?
Astros! noites! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão! ...
 
VI
       
Existe um povo que a bandeira empresta
P'ra cobrir tanta infâmia e cobardia!...
E deixa-a transformar-se nessa festa
Em manto impuro de bacante fria!...
Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta,
Que impudente na gávea tripudia?
Silêncio.  Musa... chora, e chora tanto
Que o pavilhão se lave no teu pranto! ... 
Auriverde pendão de minha terra,
Que a brisa do Brasil beija e balança,
Estandarte que a luz do sol encerra
E as promessas divinas da esperança...
Tu que, da liberdade após a guerra,
Foste hasteado dos heróis na lança
Antes te houvessem roto na batalha,
Que servires a um povo de mortalha!... 
Fatalidade atroz que a mente esmaga!
Extingue nesta hora o brigue imundo
O trilho que Colombo abriu nas vagas,
Como um íris no pélago profundo!
Mas é infâmia demais! ... Da etérea plaga
Levantai-vos, heróis do Novo Mundo!
Andrada! arranca esse pendão dos ares!
Colombo! fecha a porta dos teus mares!



domingo, 26 de dezembro de 2010

PLANO DE AULA

1. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO:
Colégio: Machado de Assis
Disciplina: Português – Interpretação de Textos
Ano: 6º
Turma: 601
Professoras: Aline Merilene Argollo Rosa/ Iris Maria Amaral de Souza/ Luciana da Silva Araújo/ Priscila Azevedo Amorim.
Data: 8 de setembro de 2010


2. TEMA:
• Infância
• Conceito fundamental: Abordagem do tema através do poema “Infância” de José Paulo Paes.


3. OBJETIVOS:


OBJETIVO GERAL:
• Reconhecer a diversidade presente em sala e a importância da convivência pacífica frente às argumentações alheias diante do assunto infância, promovendo assim um debate, visando à construção de uma postura de tolerância e respeito ao outro através da interpretação de texto.


OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
• Compreender e interpretar o texto.
• Comentar sobre a história de Peter Pan.
• Debater sobre a infância, comparando as opiniões dos alunos com a colocação do autor no poema.
• Valorizar e estimular entonação de voz, fluência, ritmo e dicção como maneiras de articular e aperfeiçoar a oralidade e assim, aprender a expressar-se num grupo.
• Verificar possíveis dificuldades apresentadas como: timidez, má dicção, não participação.


4. PROCEDIMENTOS DE ENSINO:
• Colocar as carteiras em círculo.
• Contar um pouco sobre a história de Peter Pan.
• Fazer a leitura do poema para toda a turma.
• Comentar sobre o autor.
• Interpretar o poema com a participação dos alunos.
• Debater sobre a infância.
• Elaborar a seguinte dinâmica: cada aluno vai escrever um determinado número de palavras numa folha de papel e em seguida passará para o próximo aluno continuar escrevendo e assim será feito até que todos os alunos tenham participado. Esta dinâmica visa observar a capacidade de criar e interpretar dos alunos, além da verificação da grafia e dos possíveis erros cometidos.


5. CONTEÚDOS:
• Leitura, análise e interpretação do poema Infância, de José Paulo Paes.


INFÂNCIA
Eu tenho oito anos e já sei ler e escrever.
Por isso ganhei de presente a história de Peter Pan.
As aventuras dele com o Capitão Gancho e o jacaré que engoliu um relógio até que são engraçadas.
Mas, achei uma bobagem aquela mania do Peter Pan de querer ficar sempre menino.
Já imaginaram se todos quisessem ficar sempre pequenos e nunca mais crescer?
Aí, quem ia cuidar da gente? Fazer comida, passar pito, mandar tomar banho, dizer que é hora de ir pra cama?
Sarar a gente da dor de barriga e de dor de dente?


6. RECURSOS:
• Cópia do poema “Infância” de José Paulo Paes, imagens de personagens da história de Peter Pan, quadro negro, giz.


7. AVALIAÇÃO:
• Será feita uma pergunta, cujo tema permite que seja observado o entendimento do aluno perante os conteúdos apresentados.


8. TEMPO PREVISTO:
• 30 minutos.


9. REFERÊNCIA:
CEREJA, William Roberto & MAGALHÃES, Thereza Cochar. Português: Linguagens. São Paulo, SP: Atual.
COMO FAZER UM PLANO DE AULA. Disponível em:
http://www.lendo.org/como-fazer-um-plano-de-aula/


Plano de aula elaborado em grupo para a disciplina Metodologia e Prática de Ensino III, ministrada pelo professor Geneci Menezes.

É sempre complicado elaborar um plano de aula (ainda mais quando sua experiência neste assunto equivale a zero por cento), por isso resolvi colocá-lo aqui neste humilde espaço, assim os que tiverem dificuldade assim como eu tive (e tenho) possam ter mais uma fonte de pesquisa para a elaboração de um plano de aula nota dez!

sábado, 25 de dezembro de 2010

SER CAPITÃO

Jorge Amado que me desculpe:
mas não quero ser Capitão da Areia,
quero ser Capitão do Mar.
Pois a areia o vento leva
mas o Mar o vento traz.


sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

NO SAPATINHO DA JANELA...

Que neste Natal sejamos mais humanos e amigos
Que os sinos de Belém encantem nossos corações
Que a ceia simbolize a importância da família
Que a vida seja celebrada com alegria e encanto a cada dia
Que nossos amigos sejam o nosso alicerce
Que o vinho seja a mais sincera recíproca
Que o mundo pare tudo por um segundo
E agradeça a nosso querido Deus por
Este momento inesquecível,
Por mais um dia vivido
E que ele esteja sempre presente dentro de nossos corações!
                                                                   ((Aline Merilene))

Desejo a vocês: amigos, familiares, professores, conhecidos e desconhecidos um Feliz Natal repleto de sentimentos puros com um bom punhado de sorte. Pois vocês, cada um a sua maneira, formam a minha fonte que nunca seca. Minha poesia, minha prosa, minhas canções!

Obrigada a todos!

domingo, 12 de dezembro de 2010

A PÁGINA EM BRANCO DA MARIANA AYDAR...


E sem elas o mundo não seria o mesmo
Sem elas o caos se uniria ao desespero
Energia conflitante possui as palavras errantes...

Palavras grandes ou ocultas,
Palavras belas ou desnudas
O poder se encontra em cada uma.

Palavra que vale mais que o papel
Palavra de plástico, sempre confiavél!
Palavras ao vento, apaixonadas...
Palavras de sangue, de luz e de barro

E sem elas o mundo não seria o mesmo
Talvez o mundo nem fosse mundo sem elas
A energia que conduz cada palavra
É fabricada dentro de nós
Que fazemos, usamos e abusamos da palavra

Cuide das palavras,
Não bata: ame as palavras!
Diga-as devagar, viva a intensidade de cada palavra
Palavra que gera, que ama e que odeia
Palavra preserva, destroi e desaparece

Escolha a palavra que definirá o seu rumo
Escrito nesta página em branco da Mariana Aydar...


[ MARIANA AYDAR - PALAVRAS NÃO FALAM ]


A DOSE DO PROBLEMA

O problema é que eu te amo:
não tanto quanto eu gostaria
mas além do que imaginava.
O problema é que eu te amo:
tanto faz se você sorri ou chora
se me ama ou odeia
o amor continua aqui dentro do meu peito!
O problema é que eu te amo:
não infinitamente
mas de forma realista.

Eu te amo
pelo simples fato
de sentir que sem você
minha vida perderia seus
momentos mais felizes e trágicos.

Porque sem a tua presença
me sinto uma simples ponte
que vai de você a um outro alguém
que por sorte ou por azar,
conquistou o seu amor.

Eu te amo
não mais que a mim,
mas o tanto quanto amo a todos e mim juntos!
Te amo
pelo prazer de amar alguém involuntariamente
sem pressa e vendo o tempo passar...

O problema é que eu te amo:
por isso tento te proteger de tudo
como se eu fosse forte e mortal.
O problema é que eu te amo:
um amor que nasceu e não sei até onde vai
talvez um dia se acabe,
mas coisa assim só no lado de fora
porque cá dentro esse é um problema sem solução.

O problema é que eu te amo:
te amo querendo, sedento e cada vez mais amando
juntando lembranças, presente e passado
colecionando um futuro que pode nem chegar
mas se chegar enfim não vou arriscar
Conviverei com o problema
Pois não há problema melhor que amar!





sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

O MAR

Vem e deságua
Abraça e me prende.
Vem e percebe
O encanto, a beleza...
Mar aberto, maré cheia
Envolve-me , completa...
Vem e deságua
Mar de luz, insípido
Molha o corpo, lava a alma
Mar sem cor...
Suprema criatura.
O mar que me intriga
É o mesmo que me inspira
Vem e deságua
Na minha poesia.





Lulu Santos

Hoje liguei o rádio, sintonizei na 90,3 (MPB FM) e reiniciei o meu trabalho de Teoria da Literatura IV. Fazia tempo que não ouvia o rádio de casa. Com a correria do dia-a-dia atividades simples porém prazerozas vão ficando em segundo plano e ouvir o meu rádio, minha estação sintonizada é uma dessas atividades.
Me distraia com o trabalho e viajava no embalo de algumas músicas, mas um cantor em especial me fez parar, contemplar e ouvir cada segundo a sua voz ao longo da canção. Ele era Lulu Santos! Não lembro o nome da música pois faz parte do seu novo CD. Mas a energia de ouvir Lulu depois de tanto tempo foi no mínimo emocionante!
A música me liga aos sentimentos mais simples que existem e Lulu é um grade elo.

domingo, 28 de novembro de 2010

Cidade Fantasma

Fome! Lembro que saí de casa com fome, pois hoje é domingo e a comida sempre fica pronta mais tarde que o normal.
Resisto a fome e vou para o ponto. Ambiente vazio, lojas fechadas, ônibus passando mais rápido, enfim, tranquilidade que só se encontra no dia de domingo.
No ônibus, venho atenta, olhando os pontos e procurando o Colégio Kennedy, ponto de referência, para descer e chegar ao Donana.

[ Texto elaborado na Oficina Literária: Teu cenário é uma beleza! ]

A Casa Liberdade

Começou na infância. O vício em Punk - A menina da breca era cada vez maior. As roupas coloridas, suas aventuras e seus amigos, passaram a ser meus também e assim o desejo de ter àquela casa na árvore virou sonho. Um sonho que gerou promessas, lágrimas e infinitos pedidos (na verdade súplicas) aos meus pais.
A casa da Punk era linda e toda vez que ela ia para lá, sentia a sensação de liberdade. Lá, no seu canto, a sua árvore, o seu espaço...
O tempo passou, a Punk saiu do ar e o desejo de ter a casa começou a sair fora de moda. Ela acabou não vindo, o sonho não virou realidade, mas ainda invejo quem tem uma casa na árvore.

[ Texto elaborado na Oficina Literária: Teu cenário é uma beleza! ]


domingo, 21 de novembro de 2010

Troca de valores

O amor se perde a cada dia. Se dissolve a cada briga, sobrevive em cada interesse e machuca, espanca, mata em busca de benefícios.
Hoje se casa por dinheiro, por casa própria, por interesse e não por vontade. O casamento virou comércio! As mulheres dão a luz divina em troca de "pensão alimentícia", crianças, bebês (esses seres lindos)são tratados como mercadorias. O ser humano virou uma mera e inútil mercadoria! Somos o mercado da carne, da alma, somos o fruto do capitalismo selvagem! Somos o capitalismo selvagem!
O amor se perde a cada vida perdida no hospital, a cada mãe que abandona seu filho, a cada pai que abusa da filha, a cada marido que mata a esposa e principalmente a cada nota que tiramos do bolso.
Hoje tudo é banal, tudo é livre! Mulheres e homens são independentes, possuem seu próprio dinheiro e não precisam da ajuda do outro, são os melhores em tudo, nunca levaram "porrada na vida"... Se casa por casar, se faz filho por fazer, se beija por beijar, tudo é feito para satisfazer as necessidades. O ser humano se perdeu na busca infinita por dinheiro!
"Cada cachorro que lamba a sua caceta!" (frase forte que ouvi em Tropa de Elite 2), forte porém realista e nunca se encontrou momento melhor para dizer esta frase. O homem está cada vez mais fraco, quase um "Dom Casmurro" e as mulheres estão a cada dia mais competidoras, disputam com os homens, sempre querem ser melhores em tudo!
Egocentrismo é a moda do século, temos que ser os melhores em tudo, temos que ser ricos e rir dos pobres, dos infelizes, dos miseráveis. Temos que ignorar o outro, fingir que ele não existe (de fato ele não existe)... O amor não cabe no egocentrismo, os sentimentos bons não cabem nele... Ele é cruel e feio! É o pai e a mãe de hoje! É o pagamento em dinheiro vivo, é o grande vilão!
Hoje o amor é quase útopico, os que amam se tornarão lendas e temo que no futuro nem em lenda o amor sobreviva. Minha felicidade não é só minha assim como minha tristeza, eu comemoro as vitórias dos meus amigos e familiares e sofro com suas dificuldades. Infelizmente não quero ser rica, quero ter apenas o suficiente para viver em paz e ajudar minha família. Quero fazer trabalhos como voluntária ( e não me considero "otária" por isso como muitos me chamaram...)
Viva o amor, a vida, a felicidade! Viva as lendas que ainda existem neste mundo confuso que infelizmente não cabe na minha mente de 21 anos...

terça-feira, 2 de novembro de 2010

DESABAFO

Não me encontro, nem me perco

Sou objeto de estudo

Sou o muro, intermédio

O início sem meio

e o fim sem hipótese.

Quero apenas sentir

o desabafo desse farto peito!

Farto de hipocresia,

de mortes sem motivos,

de cirurgias infelizes...

Não sou pérola,

nem pedra rara

Sou apenas folha seca

Sou autopsia da alma

Desabafo!

Não há nada certo

Não há nada errado

Só quero ter o direito de expor

o meu DESABAFO.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

TRÊS VEZES AMOR

Não, não é mais uma dessas comédias românticas tradicionais (pelas quais sou apaixonada!). Essa tem uma sensibilidade maior, um amor amor...
O protagonista Will Hayes (Ryan Reynolds)faz uma bela interpretação, se mostra um pai exemplar que apesar de seus fracassos amorosos faz da filha Maya (Abigail Breslin) seu grande amuleto e razão de viver.
A história começa com Will contando um pouco sobre sua vida a caminho da escola de Maya, recém divorciado todas as quartas feiras ele se dedica a filha (pois é o dia que ele fica com ela), o que ele não sabia é que Maya acabara de presenciar uma aula sobre educação sexual - e as perguntas se fizeram em intervalos mínimos - ele se via numa situação delicada.
Até que a filha indaga sobre o fim do casamento dos pais e pede para que ele lhe conte como eles se conheceram, como havia sido essa história de amor. Ele diz que a menina é muito pequena para saber tal coisa mas ela insiste (daquele jeito que só as crianças sabem) e ele realiza o desejo da pequena, porém com uma condição: ele contaria três hístória sobre as três namoradas que tivera: tem a inocente e pura (vivida por Elizabeth Banks), a apolítica por opção (Isla Fisher) e tem a jornalista intelectual (Rachel Weisz) e ela teria que descobrir qual afinal é a sua mãe, a menina gostou muito da ideia e até a definiu como uma "história de amor de mistério".
A partir de então começa uma série de fatos, histórias, amores e uma dedicação de pai que emociona. Esse é um filme onde mais emociona um beijo do pai na filha que do casal mais apaixonado - é lindo!
É importante o amadurecimento que Will ganhou ao longo do filme, demonstrando o nosso próprio amadurecimento enquanto ser humano. Ele sai do interior dos Estados Unidos para ganhar a vida profissionalmente em Nova York. Transcorre o ano de 1991 e ele, um democrata praticante, quer ser útil na campanha de Bill Clinton para a presidência dos EUA. Vira então consultor político. O tempo, claro, acabará com suas ilusões como se os anos Clinton fossem seu romance de formação.
Um homem que descobre seus medos, segredos, ilusões ao longo da vida e encontra na filha os braços mais acolhedores do mundo.
Em seu desfecho, eis que é desvendado o mistério e toda a expectativa de finalmente descobrir quem é a mãe ganha emoção maior e atende a euforia do público. Sua filha o ensina muitas coisas, principalmente sobre o amor, o fazendo encontrar a felicidade (que nem ele acreditava mais existir, ou melhor, só a via na filha) e a história ganha um lindo final feliz. Final que outrora fora contestado pela filha que ouvindo seu pai o diz: "Como essa história pode ter um final feliz se você se separou da mamãe?"
E no desfecho esse final feliz é revelado, após o mistério ser revelado Maya vai para a casa da mãe e Will a abraça e diz: "Ei! Eu esqueci de contar o final feliz da história - você!" Uma das cenas mais emocionantes!
Um filme que fala sobre amor, pais e filhos, vida e a busca pelo tal "final feliz". Ensina o quanto a vida vale a pena, o quanto as pessoas são importantes mesmo não vivendo "eternamente" com elas, prova o amor de pai e filha com um mistério delicioso.
O longa tem um grande elenco, Ryan Reynolds assume um dos papéis mais bonitos da carreira e a gigante pequena Abigail Breslin prova o que é fazer parte da sétima arte, com sua doçura e leveza rouba a cena em todas as suas aparições.
Um filme inesquecível, um mistério inesquecível, um romance contemporâneo isso resume Três Vezes Amor.





sexta-feira, 21 de maio de 2010

PSIQUIATRIA

Me sinto num copo repleto de cólera,
repleto de cobras e lobos. Leões!
Repleto de tristeza e uma depressão profunda,
repleta de agnosticismo, de sujeira intacta
de vida mal vivida, de tudo que observo.
Releio meus versos depressivos
e depreciados por quem lê
Sinto em meu rosto a escarlate do desprezo
me sinto presa num mundo que não é meu
Onde muitos ousam finjir o que não são.
Meus braços e pernas dilacerados
por animais famintos.
Levaram-me os membros,
menos o coração
já que mesmo irracionais,
os animais percebem e sentem
o que pode se aproveitar da presa.
Lágrimas no escuro
Só choro quando a cidade dorme
Sou forte! Ninguém me vê chorar!
Sou fraca! Meus pulsos hão de sustentar...
A morte não vem e não sei quando virá
talvez esta seja a melhor solução.
Já que o problema
sou EU.

Aline Merilene.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

- Porque todo dia é dia de índio!

Poema no meio do caminho de C.D.A traduzido para a língua tupi guarani.


PYTÉRIPE PÉ

Pytéripé pé i tyb'amé oîepé itá
I tyb'amé oîepé itá pytéripé pé
I tyb'amé oîepé itá
Pytéripé pé i tyb'amé oîepé itá.
Aan xe sessaraine cuapabuera sui
ecobépe xe essápupé caneõgatu.
Aan xe sessaraine pytéripé pé
I tyb'amé oîepé itá
I tyb'amé oîepé itá pytéripé pé
Pytéripé pé i tyb'amé oîepé itá.



NO MEIO DO CAMINHO

No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.

(In Alguma Poesia, Ed. Record)