Uma noite em 67, documentário com direção e roteiro de Renato Terra e Ricardo Calil e produção de Beth Accioly, resume em 93 minutos toda a mescla de sentimentos presentes na grande final do 3º Festival de Música Popular Brasileira da TV Record, realizado tradicionalmente em São Paulo.
Essa exposição de sentimentos é tão intensa que dá ao público a sensação de ser “transportado” para os bastidores deste grandioso evento ocorrido no dia 21 de outubro de 1967, há quase 43 anos. Os protagonistas da noite eram ninguém menos que: Caetano Veloso, Chico Buarque, Gilberto Gil, Edu Lobo, Roberto Carlos e Sérgio Ricardo, além das presenças especiais dos grupos MPB-4 e Os Mutantes e Marília Medalha.
O filme é um inesquecível diálogo entre passado e presente, mostrando as apresentações do festival e os depoimentos dos concorrentes e jurados quatro décadas depois. Um quadro nostálgico da música popular brasileira envolto pelo contexto histórico da Ditadura Militar é o que percebemos nas seis canções donas da noite: Roda Viva (Chico Buarque e MPB4); Alegria, Alegria (Caetano Veloso); Domingo no Parque (Gilberto Gil e Os Mutantes); Ponteio (Edu Lobo e Marília Medalha); Maria, Carnaval e Cinzas (Roberto Carlos) e Beto Bom de Bola (Sérgio Ricardo). Dentre as curiosidades, podemos destacar a cativante apresentação de Caetano que com seu sorriso largo e olhar sincero, conseguiu transformar o descontentamento da platéia em uma calorosa salva de palmas repleta de emoção. O mesmo não aconteceu com Sérgio Ricardo que surpreendentemente arremessou seu violão ao publico em resposta as vaias recebidas e por este feito foi desclassificado. O medo de Gil encarar o palco, quase o tirou da grande final, mas o grande destaque vai para ela: a platéia!
A vontade de aplaudir e vaiar, cantar junto, decorar as letras e viver a mesma entrega do artista no palco é de fato empolgante. O povo vibra, chora, grita se manifesta a favor da música e contempla o espetáculo tornando-o ainda mais estupendo.
A batalha musical não apresenta o clima de competição (ao contrário dos festivais de hoje), todos queriam ganhar (óbvio), mas a admiração apresentada entre os adversários rendeu um ciclo de elogios sinceros, percebidos nas perguntas dos apresentadores carismáticos Jota Silvestre e Cidinha Campos. Nas mesmas perguntas observa-se também a simplicidade dos jovens artistas que da Tropicália à Jovem Guarda nos proporcionaram um dos mais belos espetáculos históricos da MPB.
Imperdível, essa é a palavra que define Uma Noite em 67! Imagens incríveis, depoimentos emocionantes, ícones da nossa música, apresentações únicas e um registro ímpar do cenário histórico-musical da década de 60. Não é apenas uma noite, mas uma viagem em 21 de outubro de 1967, onde o “pacote” inclui: pipoca, refrigerante, seis finalistas que nem desconfiavam se tornar as grandes referências do nosso país, violão quebrado, vaias e aplausos, lágrimas e imagens que nos trazem uma indefinível nostalgia!
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